1º Capítulo

Posted by Rita | Posted in | Posted on 22:17

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Diário da Catarina ● 8 de Abril [23.21h]

O João ligou há pouco e, para azar, quem atendeu fui eu; queria falar com a Filipa, como era de esperar, mas teve de desligar em consequência de algo com o irmão mais novo.
Não entendo como, mesmo depois deste tempo todo que passou, ainda não consiga ter uma conversa normal com ele, que não se traduza a monossílabos e a uma sensação de ambiente pesado, mesmo por telefone. Talvez isso se devesse ao facto de sermos ex namorados com a particularidade de ele ter acabado comigo porque conheceu outra rapariga, que por sinal é a Filipa e, dessa forma, termos de lidar com essa situação constrangedora constantemente. Por muito que eu tentasse mostrar que me era indiferente, nunca conseguia, mas, pelos menos, agora não tenho de o ver mais.

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Ainda pensei em ocultar o telefonema à Filipa, mas isso serviria para quê? A relação entre eles já não aparenta ser das melhores e duvido que a Filipa consiga manter um namoro à distância. Está bem que eles namoram há muito (há mais tempo que eu e ele alguma vez namorámos), mas um deles, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por esquecer o outro. Nunca fui apologista de namoros à distância...

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Diário da Filipa ● 8 de Abril [23.56h]

A “prestável” da Catarina disse-me que o João tinha ligado. Ultimamente, tem acontecido frequentemente, o problema é que metade das vezes estou ocupada, cansada ou ausente. Outras vezes, fico deitada na cama a ouvir música à espera que ele ligue, por mais tarde que seja, e acabo sempre por adormecer. Ao menos não tenho de fazer a cama no dia seguinte LOL.
É escusado pensar que somos um casal como antes, pois isso é mentira e estar nesta nova cidade só veio piorar as coisas. Que interessam meras conversas ao telefone ou no MSN com ou sem a webcam ligada, quando o que realmente importa é o que fazemos juntos, cara a cara? Por mais telefonemas e vídeo chamadas que se façam, uma relação não se alimenta disso, pelo menos comigo não tem resultado. E a verdade é que, involuntariamente, seguimos caminhos diferentes.

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Olho-me ao espelho e vejo uma Filipa diferente. Não sei explicar... Há certos pontos na minha vida que queria apagar, mas como isso é impossível, limito-me a aproveitar o (pouco) que tenho. Quero, antes de tudo, divertir-me e com isso experimentar coisas novas, ter novas amizades e novas expectativas e que nada me impeça; isso só depende de mim. Se me agarrar ao passado, vou ser perturbada como a Catarina. Por falar nisso, vou ver se ainda está acordada para lhe cravar dinheiro. Não é que goste, mas ao meu pai já pedi há pouco dias e torna-se um bocado suspeito. Se ele soubesse para o que era, jamais mo daria. Vá, a Catarina também não irá saber, não tenho de lhe dar justificações de nada.

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● 9 de Abril [09.57h]

Ao pequeno-almoço, recebi uma notícia agradável: o meu pai contou-me que o primo Alexandre vem para cá por causa da universidade. Já não o vejo há anos! É claro que fiquei contente com a novidade, uma vez que sempre nos demos bem e é mais uma pessoa que conheço por cá. Quero estar com ele e fazer as coisas malucas que fazíamos em mais novos. Admiro-o bastante pela sua maneira de ser e pela vida viajada que leva. Já conheceu meio mundo, tem a sua independência e não dá justificações a ninguém… Enfim, não me importava nada que ele me levasse consigo…

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Diário da Catarina ● 9 de Abril [10.10h]

Hoje de manhã assisti a um pequeno milagre: o bom humor (sem ser sarcástico) da Filipa. Mais raro que este insólito momento, só mesmo o facto de ela gostar de alguém da sua família, por isso estou curiosa em relação ao seu primo.
De caminho, tenho de ir aos correios buscar os dois livros da colecção que estou a ler e que encomendei Era mais prático se a encomenda viesse ter cá a casa, mas assim é da maneira que passeio enquanto estou de férias… Supostamente deveria relaxar mais, pois não tenho de me preocupar com os testes e exames e a entrada na universidade, mas acontece precisamente o contrário. Sinto-me a perder o controlo sobre as coisas mais pequenas, até mesmo sobre a própria comida. Sim, acho que estou a engordar e não é pouco! Tenho de fazer dieta ou ainda me transformo num pote…

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Diário da Filipa ● 9 de Abril [11.35h]

Estou farta que não me levem a sério nesta casa! É normal uma mãe ter medo da relação entre o seu filho e a sua enteada? Pois, a Isabel quase que nem me deixa estar com o Francisco! Fui rotulada como irresponsável e má influência, que não há um momento em que possa brincar com o miúdo. É triste e é por isso que eu não suporto este tipo de pessoas! Talvez fosse mais produtivo à Isabel tratar da sua perfeita aparência e dar os seus conselhos perfeitos às suas perfeitas filhas, em vez de alimentar este perfeito disparate! Não quero que este bebé se transforme em mais um “boneco de porcelana”; ele também tem os genes da família Dias!

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● 9 de Abril [15.41h]

Fui almoçar com a Daniela e daqui a bocado ela vem ter cá a casa.
As pessoas no geral têm tendência para fazer juízos de valor das pessoas com base nas suas aparências… Eu não sou assim e a verdade é que a Daniela é a pessoa mais porreira que conheci desde que aqui cheguei! Ela é da minha turma e temos muitos gostos em comum. É aberta e não tem medo de nada nem de ninguém e não se preocupa com o que pensem dela, tal como eu. Estamos a pensar organizar uma festa para ela me apresentar os seus outros amigos.
Ah, comecei a fumar. Quer dizer, já fumava quando ia sair com os meus amigos, mas agora faço-o com mais frequência. Se me perguntarem porquê não sei responder porque simplesmente apetece-me e é uma coisa minha que, no entanto, tenho de esconder da minha família por ainda ser menor. Por outro lado, pouco ou nada me interessa a saúde neste momento.

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Diário da Catarina ● 9 de Abril [16.01h]

Nem acredito no que vi quando fui aos correios… A Filipa a fumar com uma rapariga da sua turma que já era para ter sido expulsa pelo o que me contaram! Pensei que ela tivesse mais cabeça e maturidade para escolher as amizades. Sei que não me devo incomodar com isto, a vida é dela, desde que não envolva outras pessoas.
Outra coisa que não percebo é o porquê de fumar ser um hábito comum na maioria dos jovens que conheço. Qual é a piada? É para mostrarem que são”fixes”? Isso a mim não me diz nada, mas a verdade é que já devia ter adivinhado no que toca à Filipa. Se calhar foi para comprar tabaco que me pediu dinheiro ontem à noite… Agora não sei se faça alguma coisa… Como primeira hipótese, falo com ela: tento chamá-la à razão; uso o dinheiro gasto como argumento, mas mais vale esperar uma resposta negativa. Por outro lado, posso contar ao Diogo, o que fará com que ela fique em maus lençóis e isso contribua para o agudizar das divergências cá em casa. A outra opção é não fazer nada e deixar que a Filipa acabe por mudar esta atitude ou seja ela própria descoberta pelo pai. Tenho mesmo de ver qual destas três alternativas devo seguir…

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Sinopse e Apresentação

Posted by Rita | Posted in | Posted on 19:21

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Já passou algum tempo desde que a mãe da Filipa morreu, que o seu pai, incondicionalmente, se apaixonou pela sua professora e a obrigou a viver com ela e com as suas filhas detestáveis. Agora, as coisas não podiam piorar para ela: tinha deixado tudo por causa daquela família que nunca iria aceitar, forçada a mudar de cidade devido a uma transferência. Perder tudo nunca é fácil, deixar o namorado e os amigos que conhece desde que se lembra... Mas não será também esta mudança positiva? Uma coisa a Filipa tem a certeza: nunca conseguirá olhar a Catarina como uma irmã.
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Para a Catarina, uma coisa má implica também uma coisa boa; assim poderia definir a sua vida a partir do momento em que descobriu que o seu pai andava a trair a sua mãe na própria casa. Mesmo que, nestes últimos tempos, ter que conviver com alguém como a filha do seu padrasto fosse cada vez mais insuportável, esse seria um problema menor desde que a sua mãe estivesse feliz. E a mudança de ares talvez também significasse uma mudança positiva na sua vida, pois já nada lhe ligava a Tree City; todos os problemas tinham lá ficado, excepto um: a rapariga que insiste em fazer-lhe a vida num inferno, a Filipa.
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Nova cidade, novos problemas, novas paixões, mas os conflitos mantém-se. Será que um dia isso irá mudar?

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Filipa é mimada, egoísta e determinada. Para ela, a escola é uma autêntica perda de tempo e sua opinião verifica-se nos resultados que são péssimos. De facto, o seu sonho é vencer no mundo da música e ter uma vida atribulada em digressões. Gosta de tudo à sua maneira e de ter o controlo sobre as opiniões dos outros. Vive para os amigos e para a sua independência, rejeitando tudo o que obedece a um padrão de vida normal, calmo, estudioso, respeitador das regras ou simplesmente considerado "perfeito" para os outros.

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Catarina é tida como uma a "filha que todos os pais gostavam de ter". Simpática, genuína e altruísta, está sempre pronta a ajudar, sem descuidar os estudos. É, portanto, uma óptima aluna, tendo já conseguido várias medalhas de mérito e aspira a uma carreira de sucesso em medicina. É vista como um ídolo para a sua irmã mais nova, a Mafalda, mesmo estando esta longe neste momento por causa da escola. Perfeccionista com tudo, já colheu várias falsas amizades e desgostos amorosos. Com isto, sente-se mais insegura e fechada.

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O Rui é aquele tipo de rapaz de quem os pais tentam afastar as suas filhas. Perito em atrair problemas, as suas acções desviantes são consequência de um passado complicado, o qual resulta de um crescimento precose e da ausência dos seus pais. No entanto, nem sempre é aquilo que aparenta ser e muito o distingue da sua irmã; não é má pessoa.

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Após ter viajado um pouco por todo o mundo ao longo destes últimos anos, o Alexandre é novo na cidade. Aparentemente, a sua vida pode ser resumida a três paixões: a pintura, a fotografia e a natureza. É bastante descontraído e pretende que as suas relações assentem também neste princípio. Dedica-se a fundo a tudo o que faz e é pacífico, romântico e sincero.

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Tal como o irmão Rui, a Daniela pouco ou nada se interessa pelos comentários alheios. Não possui quaiquer ambições ou projectos de vida, limitando-se a um modo de viver negligente e, por vezes, infractor das regras. É por esta razão que costuma ser considerada como uma má influência. A sua personalidade forte nunca a derrubou e faz o que quer sem pedir justificações ou conselhos.

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Da relação dos pais da Filipa e da Catarina, nasceu o Francisco. Alegre e brincalhão, este bebé inocente, que todos adoram, é o fruto evidente da união das duas famílias. Mesmo assim, pode estar na origem de certos conflitos ou discussões.

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Diogo é jornalista de uma revista desportiva e devido ao seu emprego, teve de mudar-se com a sua família. Sempre teve um relacionamento complicado com a filha Filipa, sobretudo desde que a sua esposa faleceu. Procura na Isabel de novo o amor e a establidade necessária à sua filha, uma vez que esta tem vindo a revelar-se cada vez mais inconstante.
Isabel é professora e uma mãe dedicada. Não se sente descansada se não tiver os seus três filhos junto dela, apesar de agora uma estar a estudar fora. Envelhecer é uma palavra que não consta do seu dicionário e apenas deseja tranquilidade e felicidade, coisa que perdeu com o seu ex-marido.

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